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domingo, 25 de novembro de 2012

CULTURA AFRO-BRASILEIRA E PRECONCEITO NA ESCOLA


CULTURA AFRO-BRASILEIRA E PRECONCEITO NA ESCOLA

Em 1999, dez anos atrás, propus  a inserção de temas referentes  à representação individual e coletiva  e à construção identitária enquanto conteúdos para as turmas de 8ª série do ensino fundamental no Colégio Polivalente de São Sebastião do Passé, na Bahia.
Entendo que a cultura - tomada aqui numa perspectiva antropológica, como uma "teia de significados" (Geertz, 1987) a serem compreendidos - é por excelência um espaço de luta e afirmação política, e que o "pré-conceito" e a identificação étnica se inscrevem na arte estratégica de auto-afirmação do "eu" em relação aos "outros",
Pretendia "aproveitar" o clima de "comemorações" dos "500 anos de descobrimento" para refletir, junto à comunidade, sobre questões importantes da história passada, presentes ainda hoje na realidade brasileira, como o preconceito velado ou explícito, que permeia as relações étnicas no Brasil e a tão propalada "democracia racial".

Tinha como objetivos possibilitar aos alunos a identificação histórica e o redimensionamento das contribuições culturais africanas para a sociedade local, interpretar e criticar a organização da sociedade a partir de fatos e situações reais da região, transpondo as críticas para o Brasil e o mundo e contribuir para a construção social da identidade cultural na sociedade sebastianense.

A história local foi importante para tornar significativo o estudo da história, levando os alunos a perceberem que a mesma também é construída por pessoas que não fizeram "grandes feitos" mas encontraram formas diversas de engendrar a própria história.

A utilização, pelos alunos, das fontes locais permitiu a familiarização com a metodologia da pesquisa oral, sensibilizando-os para o exercício de produção de conhecimento histórico e a intervenção social.

Os resultados do projeto foram apresentados no Encontro Regional de História Oral na UESC, em 2007.
E hoje, 9 anos após a Lei 10.639 precisamos continuar refletindo e agindo para a implementação de novas idéias e práticas educacionais, apesar do desconforto e das urticárias que isso venha causar em alguns ou em muitos.